"Bandaids" ou "luto"?

Já há 3 semanas após o término das férias, de maneira natural, eu comecei a pensar sobre o primeiro semestre deste ano, e não tenho do que me queixar.
Contudo, parece-me que 2008 foi um tanto quanto decisivo, por vezes a vida me botou contra a parede, me obrigou a fazer escolhas, várias, mas uma delas pesou.
Escolher entre a razão e o coração, creio ser uma das tarefas mais difíceis para o ser humano, ou pelo menos para aqueles que possuem uma grande sensibilidade (é o meu caso). Por isso, fechei ciclos, botei ponto final em certos “parágrafos” da minha vida, para de certa forma poder começar um novo.
Não é fácil, mas o que é fácil na vida?
Viver com dignidade, buscar sabedoria, querer “ser” mais do que “ter” nos custa muito, exige sacrifícios, abdicação do que talvez ontem fosse prioridade, exige mudança de planos, noites em claro em cima dos livros, olheiras, cansaço, dor física, dor emocional....enfim, exige mais e mais do ser humano.
Creio que o amor ensina, porém, a dor fortalece, estimula, nos faz buscar algo melhor, buscar um “analgésico” para a alma, e como é difícil encontrá-lo.
Quando encerrei um ciclo, ao optar pela razão (FISIOTERAPIA), confesso que doeu! Coloquei-me em luto, respeitei o que estava sentindo, chorei, me tranquei em mim mesma, mas nunca acreditei que pudesse fazer alguém de “bandaid” pro meu coração, com essa história de que somente um amor cura outro, pra mim é puro “papo-furado”.
Como dar amor se o seu coração está machucado?
E que pena das pessoas que se submetem a ser o “bandaid” de outras!
Sempre preferi ficar sozinha toda vez que tive “machucados” no coração. Prefiro passar por todas as fases da cicatrização, pois, só aí estarei renovada e, poderei dar algo bom em troca de outro coração bom.
O ser humano precisa se permitir mais!
Se permitir ser mais feliz sozinho;
Se permitir encontrar o que há dentro de si;
Se permitir chorar;
Se permitir passar horas escutando “aquela” música que faz lembrar
“aquele” momento ou “aquela” pessoa.
Se permitir amar sem medo de não ser correspondido;
Se permitir sofrer e tentar encontrar o lado bom disso;
Se permitir...
Admito que por vezes ainda me pego de luto, principalmente naqueles domingos chuvosos (rs...), e se me dá vontade eu choro mesmo!
Qual o problema!?!
Melhor me sentir triste, do que não sentir absolutamente nada. Afinal, toda vez que me sinto assim, me ponho em reflexão e lembro-me de tudo o que me faz feliz.
Todas as etapas da nossa vida valem à pena!
Creio que Deus não permitiria que algo em nossa vida fosse em vão.
Confesso que muitas e muitas vezes me pergunto se tomei a decisão correta e, que já até tentei voltar atrás, mas não há mais tempo. É difícil perceber quando chegamos “atrasados” numa história em que poderíamos ser os protagonistas, porém, as lágrimas secam, o coração “caleja” e, tudo toma um novo rumo. As linhas que ontem se cruzavam, passam a ser paralelas; paralelas cada vez mais distantes, mas uma deixou sua marca na outra, feriu o que havia de ferir e melhorou o que havia de melhorar.
Tudo tem uma razão de ser!
Hoje me sinto feliz, apesar de ainda passar por muitos “domingos chuvosos”, mas vejo a tristeza e os fracassos por um ângulo diferente, melhor.
Bom mesmo é chorar com a consciência tranqüila e, sorrir com a certeza de que tudo o que se fez, foi feito da melhor maneira possível e, que muitas vezes tentou-se até mesmo o impossível.
O ser humano precisa lembrar que somos “SIMPLES DE CORAÇÃO”....quando dermos conta disso, nossa visão sobre muita coisa mudará.

Não precisamos de muito na vida!

Saber quem somos e onde queremos chegar ou então, onde não queremos chegar, é sempre um grande começo.
Nem sempre é fácil escolher, mas sempre será preciso!
E você, tem usado pessoas como “bandaids” para "cobrir" suas feridas ou as têm suportado dignamente e com coragem?