Olhando para dentro

Tenho andado mais calada, com pouca paciência...

Tenho sido mais minha e menos do "mundo", não por tristeza ou desânimo, mas parece que às vezes a vida pede algo de nós.

Ficar um pouco mais introspectiva incomoda as pessoas, uns dizem que você está depressivo, outros te rotulam como triste, desanimada, mas não é nada disso.

Que mal há em olhar para dentro e pensar na vida?

Por vezes, acho que as pessoas têm medo de olhar para dentro de si e encontrar algum "bicho-papão" por ali.

Eu, particularmente, olho para dentro de mim numa boa. Reconheço os erros, me deparo com cicatrizes, cuido das feridas que ainda estão em processo de cura, sinto saudade de algumas coisas e pessoas, encaro meus medos, loucuras e mágoas, mas também consigo notar quanta coisa boa carrego comigo. Por fim, me questiono se está tudo indo realmente bem e, confesso que sim.

Preocupação todo mundo tem, mas ainda resta muita coisa boa, muitos motivos para rir, muitos sonhos para realizar, muita gente para conhecer e muitas coisas para lembrar.

Quando nos conhecemos de verdade, notamos que ninguém pode olhar tão bem para nós quanto nós mesmos. Ninguém pode curar nossas feridas, retirar nossas mágoas e rancores, muito menos faxinar nosso coração em nosso lugar.

Reconhecer-se requer coragem e, na maioria das vezes exige mudança, auto-crítica, humildade.

A vida e o mundo precisam do que somos por dentro, daquilo que não enxergamos, mas está presente o tempo todo em nós.

Um certa melancolia não faz mal a ninguém.

Ana Carolina canta isso: "Escuto o silêncio que há em mim e basta."

Olhe aí dentro e tente entender o que teu "silêncio" tem dito.

Com o tempo descobrimos que há um universo dentro de nós, mas precisamos conspirar mais a nosso favor.

Paola Soares