Você nasce, se dá conta de que tem um pai, uma mãe e uma irmã. Exemplo de família? Nem sempre, mas apesar de tudo, uma família. TUA família.
Vocês podem xingar um ao outro, reclamar, falar mal, mas é tua família. É onde você pede ajuda quando precisa, é pra onde você volta quando não encontra o caminho, enfim, é teu lar.
Você vai crescendo, reconhece bem seu pai, sabe bem quem e como ele é, da mesma forma sabe da sua mãe e de sua irmã. Até aí tudo bem. Passaram-se 23 anos de casamento, com erros, acertos, obstáculos, triunfos, falhas, derrotas, vitórias, enfim, uma história. Sua irmã está com 19 anos e você com 16, de repente, uma bomba explode. Eles então se separam (2004).
Juro que você vai chegar na escola chorando no dia seguinte (mas um amigo vai te abraçar sem perguntar o por quê), você irá ficar deprê, o clima vai ficar pesado, você vai chorar muito quando ouvir falar em família, pois é como se você já não tivesse uma. Após 07 anos de separação (em 2011), a psiquiatra vai olhar para tua cara e dizer: “Você precisa parar de ter medo. Não é porque o relacionamento dos seus pais não deu certo, que seus relacionamentos serão do mesmo jeito ” – e você vai chorar ao ouvir isso.
Te prometo que até aí tudo bem!! O problema é quando outras pessoas entram na jogada.
Agora você tem um padrasto, uma madrasta e irmãos que nem são filhos do teu pai, mas a vida lhe impôs.
Triste mesmo é ver teu pai fazendo pra outra pessoa o que não fez pra tua mãe, é ver ele não brigar com os enteados por eles colocarem a mão suja no vidro do carro, da mesma forma como fazia com você quando era pequena. Triste é você ver teu pai fazer o dever de casa junto com eles à noite, e quando você era pequena ele exigir que você fizesse o seu durante o dia, pra não incomodar na hora do jornal. Triste é querer teu pai pra conversar quando chega do trabalho e não poder dividir as dificuldades ou alegrias do dia com ele. Triste é teu pai nunca ter ido numa reunião ou apresentação de escola e, ir em todas dos filhos que nem dele são.
Ter um padrasto não é triste, mas ver minha mãe “pedalando” aos quase 50 anos é.
Seria hora de usufruir, quando a vida a fez começar de novo. Concordo que ela cresceu imensamente como ser humano, mas ainda assim a vida lhe tirou o direito de usufruir daquilo que era seu. Daquilo que ela lutou com ele, das vezes em que só havia arroz, feijão e ovo pro almoço, das vezes em que ela deixou de comprar um iogurte pra cada uma das filhas e dividiu o único que tinha.
Enquanto umas dormem até 10h porque pararam de trabalhar, sua mãe ta lá, acordando 5h30 da matina, botando roupa pra lavar, ajeitando a casa e saindo 7h para dar aula. Volta, tem 1h de almoço, dá aula até 17h e pouco da tarde e depois, exausta, ainda precisa fazer plano de aula pro dia seguinte.
Revoltante?!?...Talvez!! Mas um fim triste, pelo menos quando se pára pra analisar todo o roteiro.
Se você me entendeu, sinto muito, somos filhos de pais separados.
Pais fica uma dica: separem-se, mas saibam até onde vai o limite de cada família. Até onde chega nosso sangue e nossas afinidades. Família Deus nos deu, então não queiram nos impor uma nova porque não vai colar.
Paola Soares
Um comentário:
caramba!adorei isso!é verdade paola!sou filha de pais separados e eu sei como é passar por tudo isso!
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