Alívio Imediato

Quase 5h da manhã de uma madrugada de insônia, em que a chuva cai fortemente lá fora. O barulho é imponente, mas alivia ao mesmo tempo.

Chuva muitas vezes dolorosa, mas bendita, porque vem aliviar o calor, o pó, as plantações da seca.

Como diria Humberto Gessinger: “Que a chuva traga alívio imediato.”

Mas e por dentro, o que traz o alívio? O que alivía a dor, a falta, a saudade, a ausência, o tédio?...

Lágrimas. Talvez seja esta a maneira que nossa alma use para mostrar que não está cabendo mais nada ali dentro. Para retirar o que dói, o que pesa, o que não vale a pena.

Dizem que chorar não adianta, mas alivía. Fato!

Assim como a chuva lava a terra, leva para longe o que não tem mais utilidade e faz brotar novas sementes; chorar também lava a alma, expõe nossa dor e dá lugar ao novo.

Do mesmo modo, que a chuva leva as folhas que não prestam, os frutos que já passaram da época; nossas lágrimas também podem levar aquilo que dói, aquilo que você teima em querer, mas já não serve, não te engrandece. É preciso dar lugar às novas folhas, novos frutos, enfim, a um novo ciclo de vida.

É assim com a natureza e, como somos parte dela, não teria por que ser diferente com nós. Nada é insubstituível, tudo se transforma e não podemos deixar de seguir o curso natural das coisas.

"O que passou calou, o que virá dirá."

Depois de um tempo, você percebe que a chuva vai se acalmando, pois já cumpriu seu papel, e dá lugar ao sol, anunciando que é chegada a hora de florescer, de dar novos e bons frutos. Assim como o sorriso volta ao rosto, mostrando que a vida segue. Sim, de algum modo ela segue. Dando lugar também ao brilho no olhar e a tudo que se faz novo.

O fato é que a natureza sempre nos dá uma oportunidade de recomeçar, mas que uma coisa fique clara: você escolhe entre cultivar flores ou ervas daninhas.

Paola Soares